Uma paixão por festivais - Circuito Banco do Brasil

Onde você iria se lhe fosse dada uma única oportunidade de viajar a qualquer lugar, do tempo e do espaço?


Eu instantaneamente responderia "minha infância". É onde deixei mais coisas e pessoas que deveriam estar aqui e não estão. E se fosse para escolher uma experiência que você não tenha vivido? Neste caso, a primeira coisa que me vem à mente é o Festival de Woodstock. Toda vez que vejo, leio ou até lembro de algo relacionado a Woodstock, fico agitada e com uma vontade incontrolável de viver aquilo.

Eu tenho uma paixão particular por festivais de música. Como Woodstock e vários outros já mostraram. eles não são apenas eventos com muita gente e vários shows rolando. São verdadeiras experiências de imersão. Durante cerca de doze horas, você tira a sua mente da vida real e fica em um espaço que foi projetado para receber música. Cada palco, cada atração, cada barraquinha, cada ambulante daqueles está ali pelo mesmo objetivo. O público, cada cabeça daquelas, está ali pelo mesmo objetivo. Sabe, eu acredito em dois tipos de pessoa: os que vivem a música e os que não vivem. O primeiro tipo vai entender muito bem esse meu sentimento.

A última vez que estive em um festival foi no sábado (08/11). Encontrei minha prima no shopping de manhã, comi alguma coisa para reforçar a cápsula de energético que tomei antes de sair de casa e, lá pelas duas da tarde, lá estava eu na fila do Circuito Banco do Brasil, na Apoteose.

Sem protetor solar, é claro.
Uma das coisas legais que rolaram lá foi a Copa Brasil de Skate Vertical. Pude ver o meu ídolo de infância, Bob Burnquist (sempre jogava com ele no Tony Hawk's Pro Skater 2). Vi o Frejat, dinossauro do rock carioca, tocando aquelas músicas que eu ouvia pirralha e achava que aqueles caras com guitarras na mão eram deuses ou sei lá. Vi bandas que não me empolgaram tanto, mas que foram a trilha perfeita para um intervalo que eu precisava ter. E respeitei os fãs que se divertiam com essas bandas, ri junto com eles e acabei me divertindo também, da mesma forma que notei que eles me olhavam e sorriam enquanto eu surtava com minhas bandas favoritas. É bom ver que essa gente existe. Pessoas diferentes, alternativas, daquelas que frequentariam o mesmo boteco que eu lá em Campos e que sempre me pergunto onde se escondem aqui no Rio. Espero descobrir um dia.

Bob Burnquist
Sério, uma das coisas que amo nos festivais é o contato visual. Tipo, as pessoas se olham com cumplicidade. Quando você pula e berra feito um louco, as pessoas acham graça de um jeito saudável. Quando você chora, os olhares em volta choram junto. Eles te entendem. É um tipo de sintonia que, novamente, só que vive a música é capaz de entender

E eu vi a Pitty. Vi aquela mulher que acompanho há onze anos em um palco enorme, lá de longe, pequeninha. Mas ela estava gigante, arrastando uma multidão que curtia o som e cantava junto. Lembro do meu primeiro show da Pitty, lá em 2004, em um clube minúsculo. Era um palquinho da altura do meu joelho, e deviam ter umas 100 pessoas abrindo roda e se batendo, estilo hardcore underground. Foi emocionante demais vê-la ali, regendo aquele mar de gente.

E eu vi o Paramore, outra de minhas queridinhas das antigas. Certos momentos ainda acontecem dentro da minha cabeça e eu sorrio sozinha quando me lembro deles. O mais especial foi a chuva. Quando ela começou a cair, o efeito visual foi magnífico. Eu olhei para o alto e vi as gotas refletindo as luzes enquanto Decode explodia no palco. Fechei os olhos e fiquei sentindo a água escorrer pelo rosto. E isso resume.

Paramore
Ainda sinto todas as dores no corpo de quem não tem o menor condicionamento físico para assistir Pitty e Paramore no mesmo evento. Passei aqueles perrengues de quem fica tempo demais fora de casa, sem poder passar em um boteco para comprar cigarro, sem um teto para fugir da chuva e seu uma cadeira - o que me obrigou a sentar no chão de concreto molhado.

Eu pulei, berrei e chorei. Foi um dia lindo.

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