Cantora carioca Lienne vence prêmio de festival francês

Atualmente preparando o lançamento de seu novo EP, “Canto de Sereia”, a cantora carioca Lienne acaba de receber um grande incentivo: a artista foi uma entre os seis contemplados pelo Rootstock Music Festival, originalmente sediado na França e neste ano realizado online, para receber um de seus Artist Awards. A ideia da premiação é incentivar jovens e promissores talentos ao redor do mundo. Artistas de diversos países se inscreveram no site do festival e o júri selecionou 24 cantores e bandas para a última etapa. Os vencedores foram escolhidos por voto popular. Os outros ganhadores são Antes de Nacer (Chile), The Redbeds, Non Talkers (ambos de Portugal), Munay Ki Dub (Argentina/Reino Unido) e Cloud House (Reino Unido).


A premiação, que inicialmente iria para cinco artistas, acabou contemplando um total de seis nomes. “Rootstockers do mundo todo enviaram mais de 5 mil votos no final de semana. Estamos prontos para anunciar os vencedores do Artist Award 2020! Com uma disputa muito próxima entre dois artistas, com apenas sete votos os separando, nossa direção decidiu entregar seis pacotes de premiação neste ano. O apoio generoso de nossos patrocinadores, vinícolas e nossa comunidade tornou possível retribuirmos esses artistas dedicados”, declarou Michael Baum, CEO da Rootstock Association. O festival internacional, que acontece normalmente na região da Borgonha e foi realizado online nos dias 11 e 12/07, oferecerá mentoria e 5 mil euros aos vencedores.

Lienne acaba de lançar o primeiro single de seu próximo EP. “Canto de Iemanjá”, canção de Vinicius de Moraes e Baden Powell, surge repaginada pela artista que faz de sua música uma ponte entre o tradicional e o novo, entre o ancestral e o profano, com um olhar feminino único e de cronista bem-humorada das ruas e da boemia. Usando como base a MPB e o samba, ela mistura os sons num caldeirão com influências cearenses e pernambucanas herdadas de seus pais.

Tudo isso converge em seu disco de estreia, “Porta-Chuva”, lançado no fim de 2018 como fruto de uma bem-sucedida campanha de crowdfunding e marcando um ciclo de experiências que começou em 2010. Entre sambas, maracatus, cocos e ijexás, as canções da artista foram forjadas com a experiência adquirida na vivência da cultura popular. E a força que leva para o palco veio no carnaval, em rodas de samba, em espaços importantes como o Circo Voador e a Fundição Progresso ou para multidões como no réveillon de copacabana, onde abriu 2020 cantando como convidada do premiado DJ Mam.

Aluna do curso de MPB/Arranjo da UniRio, Lienne é uma das fundadoras do Coletivo Matuba, que busca integrar as danças e ritmos tradicionais brasileiros à prática acadêmica, envolvendo alunos e professores da música e do teatro da Unirio, sempre com mestres da cultura popular de vários estados do Brasil como convidados.

Como cantora, integra atualmente o Samba do Bilhetinho, o Samba da Irene, o Samba das Levianas e a Roda Sangue Novo. Como compositora, dialogou com Raul DiCaprio, Vidal Assis, Bruno Barreto, Ledjane Motta, Nando Mattoso, Pedro Iaco, Thiago Amud, entre outros. Em 2019, fez assistência de direção musical em uma montagem de “Calabar”, peça de Chico Buarque e Ruy Guerra, no Teatro Cesgranrio. Além disso, ela também dirigiu seu novo show “Guanabara São Francisco”, em janeiro de 2020.

2020 marca ainda o início de uma nova fase da artista. A potência da cultura popular brasileira ganha força em dois singles: a autoral “Canto de Sereia” ao lado de uma versão de “Canto de Iemanjá” de Vinicius de Moraes e Baden Powell em um diálogo de gerações de afro-sambas.

Enquanto as rodas de samba estão paralisadas por conta da pandemia, Lienne prepara novas surpresas, lançamentos e trabalhos para o futuro, já que planeja investir o prêmio na gravação de um novo disco.

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