O rock precisa ser divertido novamente

Um texto
Por Monique Ferreira

O rock necessita de uma reinvenção para conquistar o coração do público mais jovem. É fundamental abandonar o saudosismo, a nostalgia e a repetição do passado. A mudança deve ser abraçada, criando-se espaço para o novo e para a formação de experiências marcantes.


Atualmente, o público jovem não se identifica com as bandas contemporâneas, pois estas não falam a sua linguagem. A cena está dominada pela nostalgia, o que impede a inovação e a criação de algo novo e empolgante. O rock perdeu seu caráter contestador e subversivo, acomodando-se em fórmulas desgastadas e sem personalidade.

No início da carreira de muitos produtores, envolvimento com a produção de shows era movido pela diversão e pelo prazer de assistir às bandas. Naquela época, frequentar eventos de rock era um passatempo divertido e uma oportunidade de apreciar a música ao vivo. Hoje, muitos frequentam shows principalmente para fazer networking ou prestigiar amigos. Há uma carência de pessoas que vão aos shows apenas para se divertir, sem qualquer relação profissional.

É crucial que o rock volte a ser uma forma de entretenimento genuíno, algo que aqueça o coração das pessoas e com o qual elas se identifiquem. Deve-se comunicar de maneira eficaz com o público mais jovem. O público do rock sempre existiu; o que mudou é a incapacidade das bandas de dialogar com ele. Em eventos de rock, muitos jovens são vistos ouvindo músicas de 20 anos atrás porque as bandas novas não conseguem se conectar com eles.

O rock sempre foi um gênero inovador, subversivo e fora do comum. As bandas que alcançam sucesso hoje são aquelas que não se conformam com o status quo e desafiam as expectativas. O rock sempre abraçou os excluídos, aqueles que não se identificavam com o que viam ao seu redor. Atualmente, parece faltar essa insatisfação, essa vontade de mudar o mundo que é tão característica da juventude.

Para que o rock continue a existir e a inspirar as novas gerações, é necessário interromper a repetição e a falta de atitude. Deve-se criar um novo rock que seja divertido, empolgante e que reflita a realidade do mundo em que vivemos. O rock ainda tem muito a oferecer: é um estilo musical que sempre se pautou pela união, identidade, transformação social e, acima de tudo, diversão.

É fundamental que a nova geração se sinta representada e traga suas próprias inovações. Repetir que "antigamente era melhor" apenas impede a evolução e atrapalha o mercado. A época passada foi boa para aqueles que a viveram, mas houve uma luta para que as coisas mudassem. Agora, o desejo é ver a nova geração vivendo suas próprias experiências e ouvindo novas bandas.

E não se pode esquecer que a música é apenas uma parte da experiência. As pessoas saem de casa para viver algo marcante, para criar histórias e emoções. A questão que fica é: qual experiência está sendo proporcionada ao público? Por que alguém sairia de casa para assistir a um show? Como está sendo impactada a vida das pessoas?

O futuro do rock depende da capacidade de inovar e de se conectar com a nova geração. É hora de revitalizar o rock e torná-lo relevante novamente.

Um vídeo


Em 2020, o Festival Pedrada at Home promoveu uma série de palestras sobre o mercado musical, mediadas por Monique Ferreira. A convidada para falar sobre produção artística foi Constança Scofield, diretora artística e gestora do Estúdio Toca do Bandido, fundou o selo e editora Toca Discos. Atua como Music Supervisor e assina diversas séries brasileiras.


Uma música nossa...


Mariana Soares, Pedro Indio Negro - Ei Você


... e outras músicas que ouvimos por aí


Serena - Bomba Relaógio



PIFFA - No Sé Si Está Mal

01/06 - [Drenna] - Conselheiro Pena, MG
21/06 - [Drenna] - Afonso Claudio, ES
02/08 - [Drenna] - Sumidouro, RJ
03/08 - [Drenna] - Águia Branca, ES
07/08 - [Tha Mello] Manifest @ Mississipi Delta Blues Bar - Gamboa, RJ
13 a 22/09 - [Rock in Rio] - Rio de Janeiro, RJ
18/10 - [Tha Mello] Naked @Espaço 09 - Ipanema, RJ

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