Guns N' Roses se apresenta com formação clássica no RJ

O Guns N' Roses é uma das bandas que deveria estar no guia oficial dos batedores de cabeça como uma das primeiras cinco bandas que se deve ouvir para entender o que é rock n roll. Formada na década de 80, os caras fizeram história pela potência do seu som e, especialmente, pelos solos precisos do guitarrista Slash e os agudos inigualáveis do vocalista Axl Rose.
Depois de 23 anos da saída dos membros originais, durante os quais os integrantes pareciam nunca mais querer nem olhar nas caras uns dos outros, o milagre aconteceu: Axl e Slash se reuniram ao baixista Duff MacKagan e saíram na turnê Not In This Lifetime com a formação clássica.
No dia 15 de novembro a turnê chegou ao Rio de Janeiro. A abertura ficou por conta da Plebe Rude, escolha acertada para um público que aprecia o rock clássico, já que a Plebe carrega uma bagagem de mais de 30 anos de carreira. Fizeram um show rápido e seguro, que agradou.
O Guns abriu a sua apresentação com It's So Easy, que de cara levantou o público e mostrou que os boatos sobre a atual fraqueza dos integrantes foram muito mal contados. Mesmo com o palco enorme, a banda consegue se espalhar e estar em todos os lugares ao mesmo tempo, correndo por toda a estrutura. A única coisa que causou estranheza foi a total falta de interação entre os integrantes, que mal se olham durante o show, mostrando que talvez os antigos conflitos não estejam totalmente resolvidos.
Não faltaram hits para matar a vontade do público. No repertório rolaram sons como Welcome To The Jungle, You Could Be Mine, Yesterday, Sweet Child O' Mine, Knocking On Heaven's Door e Don't Cry, todas executadas com maestria. A idade mudou a capacidade vocal de Axl, mas não a excluiu - o cara continua cantando pra caramba. Paradise City ficou para o encerramento, com direito a luzes, explosões e chuva de papéis coloridos, elementos que complementaram o clima lúdico de um evento que, acontecendo como aconteceu, pode ser considerado histórico.
O momento do solo de guitarra em November Rain foi quando a nostalgia bateu de vez. Eu lembro perfeitamente da primeira vez que vi o videoclipe dessa música, na antiga MTV, e o quanto aquele som me emocionou. Ver e ouvir o solo ao vivo, com o Slash em pé na minha frente, praticamente na mesma posição despretensiosa em que estava no vídeo, foi o que me fez pensar em como o tempo passou e as coisas mudaram. No público tinham pessoas das mais variadas gerações, mas eu não sei se o moleque de 16 anos sentia aquilo na mesma intensidade que os caras de 50 que estavam ali. Não sei nem se eu mesma senti.
Independente de ter 16 ou 50, as pessoas estavam ali. Gritando, pulando, batendo cabeça e se emocionando com uma banda que se formou em 1985 (três anos antes do meu nascimento, vale citar) e que perdeu um pouco do fôlego, mas ainda tem a pressão de uma grande banda de rock. Isso me fez perceber que o rock continua bem vivo, saudável e fazendo muita gente vibrar. E ele só morrerá quando nós permitirmos.

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