Chris Cornell faz show tranquilo e imersivo no Rio

A primeira coisa que pensei quando ouvi a voz de Chris Cornell ao vivo foi "puta que o pariu, esse cara é de verdade".
No dia 08/12 o músico e compositor Chris Cornell, conhecido por integrar bandas como Soundgarden e Audioslave, esteve no Rio de Janeiro para um show acústico no Teatro Bradesco. Acompanhado apenas do multi-instrumentista Bryan Gibson, Cornell apresentou composições tanto de sua carreira solo quanto aquelas que ficaram conhecidas através de suas bandas.
Eu conheci o Audioslave lá pelos 14 anos, antes mesmo de ter idade ou consciência musical para entender o que era o Soundgarden ou até mesmo o Rage Against The Machine. Os caras acabaram se tornando umas das primeiras bandas de rock que eu curti, elevando Cornell ao patamar de melhor vocalista isolado entre os músicos de de minha adolescência. Sua voz pesada e melancólica sempre me encantou, batendo como uma descarga de energia naqueles conflitos que todos nós temos nessa fase.
Na quinta-feira eu cheguei ao Teatro Bradesco às pressas, sentei-me no local indicado e ali esperei para ver de perto esse cara tão essencial na minha formação musical. Quando ele subiu ao palco, meus estômago apertou. Ele estava ali, completamente real. Chris Cornell mantém sua voz excepcional ao vivo, e o instrumental escasso só serviu para potencializar a importância dos vocais nas composições do cara. Aliás, o instrumental era escasso pela pouca quantidade de instrumentos apenas. Cornell e Gibson fazem papel de uma banda completa, com melodias embriagantes.
No repertório estavam músicas como um cover de Nothing Compares To You e as autorais Nearly Forgot My Broken Heart, Josephine, Doesn't Remind Me, Like a Stone, Blow Up the Outside World, I Am the Highway, uma versão entorpecente de Black Hole Sun e Higher Truth para encerrar. Foi um longo e bem executado passeio pelos 32 anos de carreira do músico, com momentos psicodélicos e experimentais envolvendo as luzes, o violoncelo de Gibson e o violão e voz de Cornell. O músico se mostrou sempre muito à vontade, conversando com o público, contando histórias pessoais e fazendo piadas com Gibson, que passou longe de ser apenas um músico de apoio ali no palco.
O show se passou sem cara de evento com aquela distância entre artista e público. Parecia mais um sarau, com amigos reunidos para ver o cara tocar, o tom intimista reinando graças à simpatia e tranquilidade de Cornell. Foram algumas horas para se desligar do mundo lá fora e imergir, sem pressa, em uma realidade onde tudo se acalma e soa mais belo.

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