NBDP entrevista: Beto Mejía

Beto Mejía ficou conhecido como flautista da banda Móveis Coloniais de Acaju, mas seu trabalho vai muito além disso. Seu primeiro disco solo data de 2012 e ele já trabalhou ao lado de artistas como Lenine, Lobão, Fernanda Takai, Vitor Araújo, O Teatro Mágico, Macaco Bong, Thierry Stremler (da França), Bocato, André Abujamra e assinou a produção de álbuns das bandas Velhos e Usados, Lafusa, Perfecto e Kelton Gomes.
Toda essa experiência culminou no lançamento do mais recente trabalho solo de Beto, intitulado Wayhoob. O disco conta com 12 faixas que estabelecem uma ligação com energias positivas, trazendo influências naturais e ritualísticas. Em entrevista para o NBDP, o músico falou sobre o novo disco e os planos para o futuro. Leia abaixo.
Foto por Calu Corazzi
NBDP. Normalmente as bandas de Brasília escrevem "música urbana", mas você não: Wahyoob é um disco muito ligado às energias naturais. Como começou a sua relação com essas energias?
BETO: Acho que o início de tudo se deu na infância. Sempre ouvi as histórias da minha mãe na fazenda/sítio cercada de animais e natureza. As férias nesse lugar sempre foram fantásticas. Brasília também tem sua importância. A cidade está rodeada de parques e áreas de proteção ambiental como a "água mineral", " jardim botânico", "reserva do IBGE", entre outras. Agora a minha conexão/codificação com a questão espiritual se deu somente na fase adulta mesmo. Fui a alguns terreiros e me apaixonei pelo ritual. A beleza e riqueza de detalhes que se vê ali é impressionante. Daí, resolvi conhecer mais sobre filosofias que integrassem o homem mais a seu meio.... estou nesse processo agora...

NBDP. O álbum passeia por várias referências musicais, tem uma sonoridade muito mista. Quais são as suas influências como compositor?
BETO: Tudo começa com a melodia. Então tudo que tenha uma boa melodia me pega. Música clássica, renascentista, indie rock, samba, pagode... vale tudo. De referências brasileiras que usei no disco, ouvi muito ponto de macumba, muita música da Bahia da década de 60 e 70 e muito Clube da Esquina. Acho que essas são as mais diretas e perceptíveis.

NBDP. Você foi pai recentemente (parabéns!) e esse acontecimento também se transformou em música. Como funciona a relação do "Beto dia-a-dia" com o "Beto compositor"? Como você processa os acontecimentos para transformá-los em música?
BETO: (Obrigado!) Confesso que essa questão da paternidade é transformadora em todos os sentidos. Até mesmo na compreensão e modificação dessa relação dia-a-dia-compositor. Acho que hoje tudo é uma coisa só. Tudo serve de mote pra compor e as composições servem para o acalanto da rotina. Tenho pensado muito em como a música sensibiliza a criança. Desde os seus movimentos até sua cognição. É uma loucura isso...

NBDP. Você já tem mais projetos em mente? Quais são os planos para 2017?
BETO: E quero tocar bastante o Wahyoob por esse Brasilzão! Estou terminando um livro + disco para o público infantil. Estou montando uma banda para apresentações para crianças também. Quero estar perto da minha esposa e filha. Ler mais livros. Ir mais ao cinema. Voltar a estudar. Tomara que consiga! =)

NBDP. Que artista da nova geração o Beto Mejía chamaria para dançar?
BETO: Nossa... chamaria pra um bolero o pessoal do Carne Doce. Dançaria uma coreografia abstrata com o pessoal do Baleia. E chamaria prum sambinha a galera do Metá Metá. =)


O álbum Wayhoob está disponível para streaming nas principais plataformas e pode ser ouvido abaixo. Para fazer download das faixas e colaborar com as ONGs Desabafo Social e Santuário Terra dos Bichos, visite o site do Beto Mejía.



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