República Popular continua a explorar Manaus urbana em segunda parte de novo disco

Uma Manaus urbana surge no novo álbum da banda amazonense República Popular, mas sem esquecer de sua base e suas tradições. Construído como um álbum duplo, a segunda parte do álbum “Húmus” chega aos serviços de streaming de música pelo selo Sagitta Records. “Húmus” moderniza e desconstrói a visão estereotipada do que é a musicalidade da Amazônia. Ao se apropriar de ritmos amazônicos, blues e bossa e misturá-lo com indie e experimental, eles criam uma imagem de uma juventude urbana manauara, explicitada no clipe “Citadina”.
Ouça “Húmus Parte 2”: http://bit.ly/Humus2

O vídeo é um contraponto a “Amazônida”, feito também pelo estúdio Montanha-Russa, de Curitiba. Após passar por lendas amazônicas, cantos indígenas, festivais folclóricos e o cotidiano de pessoas comuns, a história se concentra no dia-a-dia e locais marcantes da capital do Amazonas.

Assista ao clipe “Citadina”:


“Nesse momento da história, vemos a personagem principal, cabocla do interior que veio para a cidade, totalmente dominada pelo espírito urbano e pelas belezas do lugar. Através da epifania que a moça tem durante o clipe, queremos transmitir uma mensagem, umas das principais do ‘Húmus’, de que o grande centro urbano, suas pessoas e suas histórias são também parte do legado amazônico. Assim como nossos antepassados viveram suas histórias na floresta, um dia nós seremos os antepassados que viveram histórias na cidade”, explica Vinítius Salomão, responsável pelo vocal e guitarra. Além dele, a banda é formada por Viktor Judah (vocal e bateria), Igor Lobo (vocal e violão) e Sérgio Leônidas (vocal e baixo).

O novo trabalho inaugura um ciclo para a República Popular. A banda formada por amigos de escola deu início à sua discografia em 2015, quando gravou seu disco de estreia, “Aberto para Balanço”. 2016 trouxe o EP “Lis”, com letras inspiradas por personagens femininas. Já em 2017, os músicos começaram a revelar o que viria a ser “Húmus”, com a estreia do elogiado clipe “Curió”. Animado pela ilustradora Bianca Mól (autora do livro “Contos de Papel” e conhecida pelo canal de YouTube Garota Desdobrável), o vídeo entregou o compromisso da República Popular em contar histórias com suas novas canções. O EP “Curió” já contava com duas faixas agora presentes nessa segunda parte do álbum-saga.

Os clipes seguintes, “NVMFDA (Não vem me falar de amor)” e “Somo2”, faixas da segunda parte do álbum duplo, reafirmaram a República Popular enquanto banda manauara. O primeiro, em estética lo-fi, mostra os músicos ornados com pintura facial, remetendo à cultura indígena; e o último foi gravado em pleno palco do Teatro Amazonas.

A transição para “Húmus” faz referência à ideia de início e fim dos ciclos da vida, tão presente nas letras do trabalho. Nada mais natural que traduzir isso no título, batizando o disco com o tipo de solo mais fértil, formado a partir da decomposição de animais e plantas. Da morte, surge a vida. E do fim de uma era para a República Popular, nasce uma banda ainda mais conectada às suas heranças culturais. E que fez nesse álbum duplo, dois trabalhos distintos.

“O primeiro álbum é florestal, grandioso, épico, verde. Este segundo é cinza, intimista, pequeno, urbano. As canções da parte I são conectadas por ambiências e paisagens sonoras, é um disco sólido e unitário. A parte II tem músicas mais distintas, sem conexão e sem muitas paisagens, é um daqueles discos cujas faixas parecem ser de álbuns ou artistas diferentes. A pluralidade sonora de ambas as partes é igualmente rica, mas na segunda, há um caos calculado. Isso se deve à nossa visão de como retratar a cidade, multifacetada, ilógica e inconstante”, explica o baterista Viktor Judah, responsável pela produção musical do álbum.

“Húmus” entrega uma República Popular profundamente conectada com suas raízes - mas sem abrir mão de olhar para o futuro. A versão completa do projeto será lançada no dia 23/11.

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