NBDP entrevista: Bruna Caram

A cantora Bruna Caram lançou no final de agosto o quinto álbum da carreira, “Alivio”. Este é o trabalho mais autoral da cantora, que assina sete das nove músicas do álbum. Com produção de André Moraes, o disco conta com as participações de nomes como Marcelo Jeneci, Ailton Reiner e Jean Dollabella, do Sepultura, entre outros. O destaque fica para a faixa Certas Canções que já ganhou um clipe, lançado no começo de agosto (https://www.youtube.com/watch?v=sSJYCWj4Vu0).

Bruna Caram contou um pouco para o NBDP sobre a sua carreira, a formação do álbum "Alívio" e o atual mercado da música. Leia abaixo!
1. O seu envolvimento com a música começou cedo e teve muita influência em casa. Como você acredita que o apoio familiar ajudou na sua carreira? Em algum momento você se sentiu pressionada?
Bruna: Incrivelmente, não tive tanto apoio em casa. Na minha família, a música faz muito parte da nossa maneira de estar junto e ser feliz. Tenho tios compositores, cantores, professores, minha avó foi cantora de rádio, meu avô violonista, mas a música sempre me pareceu mais uma maneira de ser feliz do que uma carreira: mesmo na minha família as pessoas no geral não vivem só da música. Meu pai por exemplo não gostou nada quando decidi me formar em música, achava que música era hobby. Eu mesma achava que ia passar fome vivendo da minha voz, rs. Mas felizmente isso não aconteceu. E a base que minha família me deu foi fundamental, para que eu me lembrasse que música antes de tudo é comunicação, autoestima e união.

2. Você é compositora, mas abusa das parcerias. Como é o seu processo de seleção de composições e/ou parceiros para suas músicas?
Bruna: Esse disco é o que menos tem parceiros, quatro músicas são só minhas. Mas sim, demorei pra me reconhecer compositora e foi importante que outros amigos artistas me dessem a mão e dissessem: você consegue, vambora! Digo que meus parceiros e minha sanfona foram quem me tirou do armário para ser compositora. Duvidei muito de mim. Então posso dizer que meu processo de seleção de parceiros não existiu, muitas vezes eles me convidaram, outras vezes eu compartilhei poemas e eles toparam e se inspiraram. Jamais forço a barra para uma parceria, amo quando ela surge naturalmente, como foi com Isabela Moraes, Chico Cesar, Roberta Sá, Zeca Baleiro. O Zeca produziu uma faixa do disco anterior e depois perguntou se o repertório estava fechado. Eu disse: está, mas quer me mandar uma música? E ele: "Não, eu quero compor uma com você!" Foi uma alegria e foi natural, fechou o processo da melhor maneira possível!

3. Lançar um álbum é sempre uma aventura. Conte um pouco sobre o projeto, o que ele significa para você e, principalmente: por que as pessoas devem ouvi-lo?
Bruna: Foi a maior aventura de todas! O disco se chama Alívio porque ele conta em quantas situações a arte nos cura, a música nos cura. É um disco sobre força e auto estima. Também é o mais político dos meus discos. Música para mim é elemento de união, conscientização, autoconhecimento. Não me admira que no atual momento político do Brasil, tenha surgido tanta difamação contra artistas historicamente tão importantes no país. Acontece que a arte tem uma força enorme, um fascínio e um poder de abrir a cabeça e o coração das pessoas que os políticos não têm. Acredito que Alívio seja um disco de fortalecimento, para mim e quem ouve, ou pelo menos sonhei com isso! É um disco consciente e não por isso menos alegre, pois ter força para lutar é uma alegria!

O mais lindo foi ter engravidado na reta final do disco, o que me deu ainda mais força e autoestima e vontade de lutar! Vamos fazer uma turnê de apenas dois meses mas passando por 8 capitais importantes em toda minha carreira, tudo isso barrigudinha, sentindo meu primeiro filho chutar. Isso é exuberante! Alívio também é!

4. Atualmente o mercado da música está se voltando para o digital, mas muitos discordam de que esse seja de fato "o futuro". Com base na sua experiência, você acredita que o entretenimento físico (discos, merch, até mesmo shows ao vivo) ainda tenha seu valor?
Bruna: Não tenho a menor dúvida! Inclusive vejo que com as facilidades tecnológicas, as pessoas estão cada vez mais carentes e sozinhas, e precisam da arte, do encontro, do contato real com a música. O disco físico perder espaço, para mim, não tem o menor drama, é sim um produto a menos que vendemos, mas nossa música chega mais rápido a mais lugares e eu há anos não sou apenas uma cantora que vende discos: viajo cada vez mais para shows, lancei o primeiro livro e vou lançar o segundo, e eles vendem muito nos shows, além de outros produtos da lojinha que criamos, é uma questão legal de criatividade! Eu uso as redes sociais a meu favor para que o trabalho renda mais ainda na vida real. Garanto que é possível. Se nós artistas não formos criativos, quem será?

5. Cite três artistas da nova cena musical que convidaria pra uma roda de violão.
Bruna: Quem quero convidar agora é o Milton Nascimento e o Tunai, compositores da única releitura do disco, Certas Canções! Essa música me faz um bem danado! Lançamos o clipe há semanas e nele eu encarno uma bailarina, é um clipe que une referências de dança, cinema, música e até arquitetura, já que parte dele foi filmada no Edifício Martinelli, em Sampa. Também convidaria Maria Bethânia, que não toca violão, e nem precisa! Rs. Convidaria meus parceiros e amigos da música, Marcelo Jeneci, Marina Lima, Cimara Frois, Roberta Sá, Dani Black, Duda Brack, Não Recomendados... A roda não teria mais fim! :)

Comentários