Banda mineira godofredo repagina memórias em clima indie e experimental no álbum de estreia, “Arquivos Vol. 3”

Se o caminho importa mais que o destino, a banda godofredo cria uma jornada ao mesmo tempo pessoal e memorialista, universal e cheia de referências com o lançamento de seu primeiro álbum, “Arquivos Vol. 3”. São 10 faixas guiadas pela nostalgia sem perder o foco no atual cenário social e político e de olho nas incertezas do futuro. O trabalho já está disponível nas principais plataformas de streaming de música, através do selo Salitre Records.


Ouça “Arquivos Vol. 3”: https://distrokid.com/hyperfollow/godofredo/arquivos-vol-3

godofredo é resultado de uma longa trajetória musical. Desde 2011 batalhando na cena musical com diversos projetos (Videotroma, Picnic no Front, The Innernettes), Vinicius Cabral queria resgatar composições antigas e trazer novas, em arranjos mais diretos e potentes, sem tergiversar. Apostando na crueza de um tempo complicadíssimo, juntou as canções - a maior parte composta entre dezembro de 2018 e julho de 2019 - e chamou André Pádua, o dedeco (padawan, Ereção de Elefante), para produzir. Logo juntaram-se ao time Matheus diRocha (Dom Pepo, Pequeno Céu, Novos Baianos F.C) e Bruno Leo - parceiro de longa data de Vinicius - produtor, compositor e engenheiro de som.

Desse encontro, surgiu um caldeirão de influências que trazia um pouquinho de Pavement, um tanto de Pixies, vocais inspirados em Rita Lee, Joni Mitchell, Laetitia Sadier e Guilherme Arantes. Dreampop, shoegaze e progressivo se encontravam com inspirações latino-americanas - Herbert Viana e Gustavo Cerati.

Mas “Arquivos Vol. 3” não se coloca apenas como uma reciclagem nostálgica. Tenta algo novo nessas misturas, pretendendo levar ao público o conforto das guitarras indie com a intensidade de um rock quase experimental. Em um momento histórico tão complexo, o disco também se pretende crítico, com letras inquietas que passeiam por autocrítica masculina, insegurança, política, utopias para um novo momento. Começa com a faixa “Medo”, e termina com a “Calma”, encerrando uma trajetória de conflitos e anseio por um mundo diferente, definitivamente liberto das estruturas apodrecidas que nos governam. Das crises individuais - e do auto aperfeiçoamento inclusive espiritual - à urgência de ações coletivas, “Arquivos Vol. 3” é uma trajetória.

O álbum foi antecipado pelo single “O Mar”, produto da vivência de Cabral no Rio de Janeiro, e uma das únicas duas faixas compostas previamente à existência do projeto - a outra é “Reações Violentas”. A última a completar a tracklist foi “Pobre Menino Adulto”, que surgiu a partir das frustrações com a masculinidade - muitas vezes do próprio Vinicius.

“Toda a composição foi acompanhada por um processo interior, eu passava por mudanças físicas e psicológicas muito intensas. Crise financeira, crises afetivas, isolamento social (antes da pandemia). Em crise com meus próprios valores, comecei a experimentar com tintas e processos manuais, enquanto arranjava o álbum com dedeco. O nome ‘Arquivos’ veio de uma tentativa de catalogar memórias e obras perdidas, jogadas pelo apartamento”, relembra Vinicius Cabral, que aparece queimando uma tela no videoclipe de “O Mar”.

Assista ao clipe “O Mar”: https://youtu.be/hKvKSgUJucg

A gravação foi toda realizada no apartamento do músico, onde mora com Bárbara (sua esposa e parceira criativa), Clara (a filha), Mogwai (o gato) e Mafalda (a cachorrinha, que ganha uma canção no álbum). Essa atmosfera permeou o processo de escrita, e desenvolvimento de arranjos, entre pausas construtivas para cafezinhos e plays em discos do acervo da casa: Beto Guedes, Marina Lima, Carole King, Clube da Esquina, Animal Collective. O processo caseiro garante também um clima íntimo para o disco, refletido em sua própria capa, feita a partir de fotografia de Gabi Fausto.

“Arquivos Vol. 3” já pode ser ouvido nas principais plataformas de streaming de música e é um lançamento do selo Salitre Records.

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