As múltiplas personalidades de Orphan Black

Foram quinze dias, duas maratonas e algumas noites dormindo um pouco depois do meu horário para finalmente terminar as três temporadas de Orphan Black. A princípio, eu achei que era só mais uma série legal. Só que me enganei.

SPOILERS, SPOILERS, SPOILERS EVERYWHERE!

Orphan Black talvez seja a série de ficção científica que mais trata sobre a vida pessoal dos personagens que já vi, talvez porque a ficção científica da coisa exista justamente por eles conseguirem levar suas vidas pessoais. Tipo, estamos falando sobre clones. Existem pelo menos quatro protagonistas e todas elas são interpretadas pela mesma atriz, além de antagonistas e coadjuvantes (que também são interpretadas pela mesma atriz). Isso, por si só, já encerra o meu argumento sobre a qualidade da série. É espantoso ver aquelas quatro mulheres com o rosto da Tatiana Maslany interagindo tão bem a ponto de ser comum esquecer que elas não estavam ali ao mesmo tempo, e que aquele diálogo nunca existiu - Maslany fez a parte de cada personagem e foi tudo colado posteriormente na edição. A minha diversão às vezes é ficar tentando acompanhar os cortes, mas daí eu me distraio com algum acontecimento e esqueço o que estava fazendo. E é isso que torna Orphan Black mais do que apenas uma série muito legal. A competência e empatia do elenco, o alívio cômico bem dosado e, principalmente, os vários momentos em que eu estava distraída com qualquer coisa e a trama me puxou de volta para dentro do universo da série. Um universo em que não existe uma Tatiana Maslany interpretando múltiplas personagens; mas sim uma Sarah, uma Cosima, uma Alison e uma Helena (sim, Helena entrou oficialmente no time das mocinhas e nada vai tirá-la de lá).

Vamos fazer um resumo: a história começa com Sarah, uma garota claramente problemática, assistindo ao suicídio de uma mulher exatamente igual a ela. E daí, claro, ela faz a coisa mais normal do mundo: rouba a bolsa da mulher e assume sua identidade. Ela descobre que essa mulher tem uma casa legal com bebidas legais e um marido beeem legal. Além disso, ela acha uma conta com bastante dinheiro e um segundo celular - e é aí que a coisa começa a ficar interessante. Afinal, esse celular toca. E aos poucos,ela vai descobrindo que aquela suicida não era a única mulher exatamente igual a ela caminhando por esse mundo.

Como eu já comentei, a parte interessante da história não é a ficção científica. Claro, eu amo ficção científica, mas qualquer um com uma boa consultoria poderia escrever sobre testes secretos com clonagem. O que te faz ficar agarrado em Orphan Black é o carisma das clones de Tatiana Maslany. As garotas são ótimas, com personalidades muito bem definidas e estranhamente diferentes entre si. A família que elas formam é algo gostoso demais de se ver. A gente nunca espera que Felix, o irmão adotivo gay de Sarah, vá se tornar um grande amigo de Alison, a mãe de família do subúrbio. É bem estranho quando Helena, a fanática psicopata, desenvolve uma afeição por Donnie, o marido bundão de Alison. Aos poucos, elas e todos ao redor vão se conectando e transformando essa ficção científica em algo muito mais complexo do que ligações genéticas e cadeias de DNA.

Orphan Black terminou sua terceira temporada sem perder o fôlego. Quando eu vi que começariam a inserir clones masculinos, achei que era uma medida desesperada para continuar tendo uma história a contar - mas não. Os meninos Castor foram um aditivo interessante que não se tornaram a trama principal, mas sim um novo empecilho para superar. A doença da Cosima continua ali e ninguém faz ideia de como resolver. Rachel continua sendo o demônio que sempre foi e agora ficou ainda mais assustadora com aquele olho fake. E continuamos sem saber por que os clones foram criados e quem está realmente por trás disso tudo.
Rachel "Demônio" Duncan
Agora é contar os dias até a próxima temporada, que ainda não tem data de lançamento definida. Espero que eu consiga terminar mais umas três séries até lá. =D

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