Jurassic World é só um filme de dinossauros (e isso é muito legal!)

Eu nem lembro quando foi que comecei a achar dinossauros a coisa mais legal (que não existe mais) nesse mundo. Sempre gostei muito de ler e tinha mania daqueles fascículos colecionáveis que vinham em jornal, revista, ou até que comprávamos separadamente e que sempre vinham com coisas para montar. Lembro do meu esqueleto de T. Rex que brilhava no escuro e era a coisa mais legal que uma criança poderia ter. Jurassic Park, então, eu perdi as contas de quantas vezes assisti - mas posso garantir que vibrei em todas.
Fã sim e daí?
Por isso fiquei tão emocionada quando soube que iriam produzir Jurassic World, mesmo com aquele medinho no fundo do estômago que fizessem errado e destruíssem o negócio todo. Mas vamos ser sinceros, o que pode dar errado em um filme de dinossauros? Foi nisso que o roteiro apostou, e o que eu considero o maior acerto. Não espere uma grande história, um grande roteiro, teorias bizarras e um mistério surpreendente. O que você vê, do início ao fim, são dinossauros. Grandes, pequenos, herbívoros, carnívoros, com muitos e poucos dentes. Chris Pratt que me perdoe, mas os bichinhos são os verdadeiros protagonistas da história.
Uma coisa que achei fantástica foi a quantidade de metalinguagem utilizada no texto. Um dos momentos mais geniais é quando é dito que dinossauros não se parecem com o que é mostrado no parque, mas eles preferem agradar o público do que manter o realismo. Já foi descoberto que a maior parte daqueles bichos tinham penas, mas répteis gigantes assustam mais do que galinhas gigantes (sem contar que répteis são muito mais legais do que galinhas). Ficou claro pelo próprio texto que os dinossauros foram geneticamente alterados para ficarem mais interessantes, e isso fica de desculpa pra gente também. O mosassauro de verdade não era tão grande, o velociraptor tinha a cabeça menor, o pterossauro não era uma ave e, como o público do parque, eu não me importo com nada disso. O Indominus Rex é um bicho muito grande, inteligente e cheio de dentes que foi criado com o único propósito de nos entreter. Isso vale para o parque e para o filme.
E as inúmeras homenagens ao primeiro parque, que do lado de cá da tela é o primeiro filme. Tem uma cena lá que me deu vontade de gritar, mas eu fui boazinha e contive meu fanatismo para não atrapalhar os coleguinhas no cinema. Não vou contar para não estragar o momento de quem ainda não viu, mas é legal pra caramba. :)
A tecnologia também deve ser destacada, mas confesso que em um mundo onde tudo é possível no cinema a coisa toda não é tão incrível assim. É legal saber que aqueles bichos foram feitos em CG, mas eu acho ótimo porque trabalho com audiovisual e tenho noção do quanto é difícil juntar animação e filmagens reais sem parecer artificial. O filme de 1993 também conseguiu ser muito realista usando bonecos. Sim, bonecos. Ainda assim eu só tenho elogios a fazer neste caso. Não foi incrível, não foi surpreendente, mas continua sendo legal pra caramba.
Outra mudança em relação ao primeiro filme foi o questionamento moral. Não sei se foi de fato uma mudança, acho que coube mais como uma adaptação ao mundo que vivemos hoje. A questão antes era o conflito moral de John Hammond sobre criar um zoológico de animais extintos e perigosos. Agora, foram dois conflitos que me deixaram pensativa: o primeiro foi sobre o fato dos dinossauros serem animais, bichinhos inteligentes e fofos que te emocionam e podem ser tão parceiros quanto o seu cachorro, o que torna o fato deles serem alterados geneticamente como experimentos muito desagradável. O segundo, e mais grave, foi sobre a utilização dos bichos como armas de guerra (isso não seria tão grave se eu não tivesse comparado o velociraptor ao seu cachorro, né?). Nenhum dos dois conflitos é realmente muito trabalhado. Como eu expliquei ali em cima, a questão toda aqui é ver dinossauros de mentirinha que parecem de verdade e achar isso a coisa mais legal do mundo. Eu sou aquele tipo de pessoa que vê uma ideia no cinema e fica pensando sobre aquilo por semanas, mesmo que tenha sido só uma frase solta. Se você é como eu, pode ficar tranquilo que esse filme vai te dar assunto por um tempo.

O saldo de Jurassic World é definitivamente positivo. O filme é um presente para os fãs da primeira trilogia e mesmo assim a galera que não assistiu por um motivo qualquer ainda vai ter uma experiência completa, sem deixar de entender nada. A boa notícia (ou má, se eu lembrar daquele nervoso no estômago) é que com o sucesso de bilheteria e com a megalomania dos proprietários de parques, provavelmente vem uma sequência por aí. E aí, sim, eu quero ver onde essa história pode chegar. O próximo filme não vai mais ter essa "obrigação" de acabar com a nostalgia dos fãs de Jurassic Park e vai começar a seguir com as próprias pernas. E com o final de Jurassic World, fica o questionamento de como diabos eles vão conseguir continuar aquilo sem seguir a mesma proposta de The Lost World. Referências ao velho são muito legais de assistir. Mas por favor, me mostrem algo novo!

P.S.: A graça de viver no mundo atual é que ir ao cinema não é apenas ver um filme, mas participar de uma experiência de imersão onde todo o universo do filme passa a ser o seu universo também. Jurassic World abusa dessa fórmula nessa sacada genial de tratar o espectador como um dos visitantes do parque. Para sua experiência ficar completa, não deixe de acessar o site http://br.jurassicworldintl.com/

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